fundação Santander

Concurso por convite: 1º prémio
*com Nuno Valentim Arquitectura

Uma caixa-forte na malha pombalina
Poderá a arquitectura espelhar uma nova relação? Uma “nova” instituição, verdadeiramente transformadora de realidades? Um programa, uma história, valores materiais e valores humanos?
O projecto ambiciona representar a Fundação Santander na sua proposta de um polo de referência no cruzamento entre a educação, o impacto social e a cultura, impulsionando a inovação, a diversidade e a sustentabilidade.
O ponto de partida é extraordinário: o valor arquitectónico do edifício dos Leões — antiga sede do Banco Lisboa e Açores, actual Banco Santander — localizado no principal eixo da Baixa pombalina, em Lisboa, a Rua Áurea.
O edifício tem uma longa e ilustre história. Projectado por Ventura Terra, foi inaugurado em 1906 a partir de um projecto de base neoclassicista, com inspiração Arte Nova. Surge como uma interrupção e uma excepção no conjunto pombalino; trata-se, contudo, de uma ruptura sensível: o plano de fachada é mantido e, do ponto de vista morfológico, o edifício insere-se de forma compatível no contexto urbano.
Em 1950, é realizada uma ampliação com uma extraordinária intervenção no interior, da autoria de João Simões. Esta intervenção procura prolongar e reforçar a presença excepcional do edifício na Baixa, introduzindo um modernismo conservador, capaz de dialogar com a pré-existência. A ideia do átrio com pé-direito triplo é mantida, implicando a demolição de grande parte do edifício e a sua reconstrução “análoga”, agora em betão armado. Esta opção permite a ampliação em altura, com a criação de três novos pisos, servidos de forma independente através de uma nova entrada pela Rua dos Sapateiros. A cave é igualmente ampliada, passando a corresponder à totalidade da implantação. Tudo isto é realizado sob uma cobertura de carácter “pombalino”, plenamente integrada no conjunto da Baixa.
A proposta arquitectónica assume, agora, a responsabilidade de corresponder aos valores em presença e de potenciar a ambição programática, integrando plenamente todas as dimensões desta realidade material e imaterial.
Propomo-nos recuperar a essência do edifício — a sua abertura e transparência — reforçando os valores pré-existentes e, posteriormente, conferir-lhes coerência através de um conjunto de intervenções estratégicas:
• tornar o edifício mais aberto e acessível a todos;
• reconstruir uma “cenografia do piso térreo”, a partir da integração dos programas públicos
• adoptar critérios de intervenção cirúrgica e adaptativa, capazes de articular a preservação da matéria existente com a necessidade de uma transformação profunda dos espaços.
A espacialidade interior conjuga duas naturezas distintas: por um lado, espaços bem definidos e organizados em sequência, herança de Ventura Terra; por outro, o open space de matriz modernista introduzido por João Simões. Nenhuma destas abordagens deve ser eliminada ou sobrepor-se à outra. A sua coexistência oferece uma ampla variedade de espaços, capaz de responder à heterodoxia das necessidades e do programa proposto pela Fundação Santander.
Ano
2024-
Localização
lisboa / portugal
Tipologia
institucional / reuso adaptativo
Estado
em curso
Área
6000 (área construída) 850 (área do lote) m2
Cliente
privado / banco Santander
Créditos Fotográficos
joão Ferrand